Não sei por que a família Bolsonaro se preocupa tanto comigo, diz Alberto Fernández

O presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou, em uma entrevista a uma emissora local na noite desta quarta-feira (2), que não sabe por que “a família Bolsonaro está tão preocupada comigo”. SYLVIA COLOMBO/BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) A declaração foi uma resposta a tuítes recentes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Horas mais cedo, o filho do […]
BUENOS AIRES, AR – 27.10.2019: ELEIÇÕES NA ARGENTINA 2019 – Candidato presidencial ao partido Frente de Todos, Alberto Fernandez leva seu cachorro Dylan durante uma caminhada matinal antes de ir para as eleições presidenciais em Buenos Aires, Argentina, domingo, 27 de outubro de 2019. (Foto: Mario De Fina /Fotoarena/Folhapress)

O presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou, em uma entrevista a uma emissora local na noite desta quarta-feira (2), que não sabe por que “a família Bolsonaro está tão preocupada comigo”.

SYLVIA COLOMBO/BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

A declaração foi uma resposta a tuítes recentes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Horas mais cedo, o filho do presidente brasileiro afirmara, por meio das redes sociais, que o que estava acontecendo na Argentina devido à longa quarentena era uma “calamidade” e que o país tinha sido “destruído por seu governo socialista em poucos meses”.

Não é a primeira vez que Eduardo faz críticas ao governo Fernández. No último dia 22, quando a Argentina declarou que a telefonia celular e os serviços de internet eram de interesse nacional e, por conta disso, não poderiam ter suas tarifas aumentadas até 31 de dezembro, Eduardo fez diversas postagens para afirmar que a Argentina estava se transformando numa “nova Venezuela”.

“A Argentina de Fernández e Kirchner está tomando medidas semelhantes às da Venezuela de Chávez e de Maduro”.

Na entrevista realizada na residência de Olivos, Fernández afirmou que a relação do Brasil com a Argentina “é indissolúvel”, mas que não conhece os Bolsonaros e só estava falando do presidente brasileiro porque “vocês [os jornalistas] estão me perguntando”.

“A família Bolsonaro está muito preocupada comigo e com a Argentina, não sei, creio que vocês teriam de perguntar a razão à família Bolsonaro”, disse o mandatário.

Em quase nove meses de governo, Alberto Fernández não manteve nenhum diálogo com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O brasileiro não esteve em sua posse, não o telefonou para cumprimentá-lo e até hoje não manteve nenhuma conversa com seu par argentino.

Durante a campanha eleitoral argentina, Jair Bolsonaro apoiou a reeleição do então presidente Mauricio Macri abertamente e afirmou que “se a turma da Cristina Kirchner, que é a mesma do Maduro, ganhar na Argentina, vamos ter no Rio Grande do Sul uma nova Roraima, com irmãos argentinos imigrando para cá”.

Fernández -que tem a ex-presidente Cristina Kirchner, como vice- venceu o pleito em primeiro turno. Antes de ser eleito, o argentino chegou a responder ao brasileiro de modo duro, antes de ser eleito. Ele afirmou que os ataques de “um misógino e um violento”, como classificou Bolsonaro, deveriam ser celebrados. Em mais de uma ocasião, ainda, defendeu a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a visitá-lo na prisão.

Depois de eleito, Fernández deixou de fazer críticas abertas a Bolsonaro, mas não se interessou por cultivar a relação. Ele demorou mais de seis meses, por exemplo, para receber o novo embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli -o encontro aconteceu há poucos dias.

Indagado em entrevista recente pela Folha sobre a razão da falta de diálogo entre os dois países, o chanceler argentino, Felipe Solá, disse que não havia “clima político para um encontro entre os dois”, devido ao modo completamente diferente como Brasil e Argentina estavam lidando com a pandemia.

“Aqui estamos priorizando a vida, a saúde”, disse Solá.

Foto: Fotoarena/Folhapress

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