Operação Enterprise: delator fala sobre esquema que enviava toneladas de cocaína para a Europa via Porto de Paranaguá

Com colaboração de Pierre Andrade e Michel Moreira A Operação Enterprise, que em 2020 desmantelou um esquema criminoso de envio de drogas pelo Porto de Paranaguá e lavagem de dinheiro, ganhou novos desdobramentos essa semana. O suspeito de comandar uma quadrilha com atuação na cidade, detalhou em depoimento toda a logística adota pelo grupo. De acordo […]
Com colaboração de Pierre Andrade e Michel Moreira

A Operação Enterprise, que em 2020 desmantelou um esquema criminoso de envio de drogas pelo Porto de Paranaguá e lavagem de dinheiro, ganhou novos desdobramentos essa semana. O suspeito de comandar uma quadrilha com atuação na cidade, detalhou em depoimento toda a logística adota pelo grupo.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Jorginho Zela -conhecido como Zóio- era líder de uma das organizações criminosas com atuação no município. Ele agia a mando de Sérgio Roberto Carvalho, conhecido no submundo do crime como “Major”.

No depoimento, Jorginho explicou a ligação do Major com ele e com a cidade de Paranaguá. “Ele tinha confiança em mim, que eu nunca ia tirar ele do trabalho, da jogada. E eu falava direto com o Major, onde o Major mandava algo, mandava o material, o dinheiro”, declarou.

Apontado pela PF como um dos maiores traficantes de entorpecentes do país, Sérgio Roberto de Carvalho vivia em Portugal com uma identidade falsa. Era da Europa que ele enviava ordens para que a droga fosse transportada por portos brasileiros, principalmente o de Paranaguá.

O grupo que atuava em Paranaguá recebia as drogas do Major e tinha a responsabilidade de armazenar e preparar o material para ser enviado a países europeus.

Durante o depoimento, Zela chegou a explicar o modos operandi da quadrilha e os cuidados adotados.  “Eles me avisavam antes de chegar aqui, né?! O horário que eles iam chegar. Eu marcava um local na entrada da cidade, para cruzar com eles na BR (277) e ir guiando até o local para ser descarregado”.

A atuação do grupo surpreende até as autoridades. Por vezes, a receptação da droga acontecia em frente ao Posto da Polícia Rodoviária Federal. Em outros momentos, a carga era escoltada  na BR-277 e, ao chegar na cidade, era armazenada e embalada para envio no exterior.

“O José Onério, um dos integrantes do grupo,  ficava na residência que eu tinha locado, morando lá e cuidando do material. Ele, e frequentemente o André Luis Baldrez, iam para ajudar na embalagem”, contou Zela a Polícia Federal.

Para que a droga passasse sem levantar suspeitas na Receita Federal, a quadrilha utilizava várias técnicas. Uma delas, a ri-pon/ri-off, consiste em inserir a droga escondida em cargas lícitas, geralmente em contêineres que passam pelo Terminal Portuário de Paranaguá.

Somente no ano de 2019,  a Receita Federal apreendeu mais de 15 toneladas de cocaína no Porto de Paranaguá. Em 2020, o número registrado foi de aproximadamente 6 toneladas. Até agosto de 2021, pouco mais de 2 toneladas do entorpecentes foram apreendidas pelo órgão.

Segundo as investigações da Operação Enterprise, a quadrilha atuou, pelo menos, por três anos enviando cargas pelo Porto de Paranaguá. Nesse período, estima-se que a organização criminosa tenha movimentado mais de dois bilhões de reais ao transportar 45 toneladas de cocaína à Europa.

Após o envio da droga para outros países, o império criminoso tinha outra preocupação: lavar o dinheiro proveniente do tráfico. O processo era complexo e envolvia diversos nomes e empresas conhecidas na cidade Mãe do Paraná.

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