Não, não é uma nova espécie de pinguim! O tratamento é sério e busca evitar dermatite nos pés das aves.
O Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde de Fauna Marinha (CReD) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) recebe, ao longo do ano, via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), muitos pinguins debilitados que passam por diversos tratamentos até que estejam recuperados e aptos para retornarem à natureza. Um desses tratamentos, uma inovação desenvolvida na UFPR, consiste no uso de uma espécie de chinelo pelos pinguins, que têm evitado doenças nos pés causadas por longos períodos fora da água.
“Alguns desses animais acabam passando muito tempo em cativeiro, no processo de reabilitação, e podem desenvolver doenças nos pés, denominadas de pododermatites, por ficarem longos períodos fora da água”, explica a bióloga e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) e do PMP-BS/UFPR, Camila Domit. Buscando evitar essas doenças, a equipe do CReD tenta manter os pinguins mais tempo dentro da água e prepara o ambiente deles com piso diferenciado e seixos rolados (espécie de pedregulho arredondado).
Mesmo com essas medidas, há risco de pododermatites em animais que passam muito tempo na reabilitação. “Alguns pinguins chegam extremamente debilitados e demandam mais tempo para aprenderem a comer e a nadar sozinhos novamente. Por isso fazemos alguns testes para reduzir as consequências de longos períodos em cativeiro. Um deles é essa espécie de chinelinho, que deixa os pés dos pinguins mais fofinhos quando estão fora da água”, revela a bióloga que, junto com a equipe veterinária, indica ter notado resultados positivos no experimento.
Segundo o médico veterinário responsável pelo CReD PMP-BS/UFPR, Marcillo Altoé, o Centro tem como objetivo fundamental salvar vidas e reabilitar a fauna marinha para retorno à natureza, mas também visa experimentar novas tecnologias e procedimentos que possam melhorar a vida dos animais no dia a dia e durante o próprio tratamento.
Os pinguins que estão usando o chinelinho estão em tratamento desde setembro e outubro e são considerados retardatários, tendo chegado ao litoral paranaense após o término do inverno. Como estavam mais debilitados, precisarão de mais tratamento e devem passar um período ainda mais longo em cativeiro.
Projeto
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O LEC UFPR é responsável por monitorar e avaliar os encalhes no Trecho 6, compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba (PR).
Década dos Oceanos
Uma parceria entre a UFPR e a Unesco mobilizará ações relacionadas à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, estipulada pela Organização das Nações Unidas para os anos de 2021 a 2030. A “Década do Oceano” construirá uma estrutura comum para que a ciência oceânica garanta a implementação da Agenda 2030 no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Na UFPR, a ação começou a ser articulada pelo Programa de Pós Graduação em Pós-Graduação em Sistemas Costeiros Oceânicos. Com a formação de uma rede colaborativa de pesquisadores, o grupo lançou um perfil no Instagram com um desafio para a sociedade pelo desenvolvimento sustentável. Foram mais de 1400 perfis engajados na campanha “30 dias pelos Oceanos”.