×

O Preço da Inocência: veja quem é o contador acusado de exploração e abuso sexual de menores em Paranaguá

Segundo as investigações do NUCRIA, ele é acusado de comprar a virgindade de meninas de 13 anos e manter relações sexuais em troca de dinheiro e outros presentes.

Com exclusividade, a TVCI exibiu nesta terça-feira (14) o primeiro episódio – de uma sequência de três reportagens – da série investigativa ‘O Preço da Inocência’ que detalha o esquema de aliciamento, abuso sexual e tráfico de criança e adolescentes em Paranaguá e em Santa Catarina.

Denúncias anônimas para o Conselho Tutelar, Polícia Militar e para o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) revelaram um crime obscuro na cidade de Paranaguá envolvendo crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos que eram exploradas e abusadas sexualmente por José Carlos da Silva, conhecido pelas vítimas como Velho Jack, de 54 anos.

Os crimes aconteciam em uma casa alugada na Estrada do Correia Velho, câmeras de segurança instaladas região flagraram a movimentação intensa de adolescentes acessando a residência e saindo dela na companhia do acusado. No local, elas mantinham relações sexuais com José Carlos, faziam uso de entorpecentes e de bebidas alcoólicas.

Segundo a Polícia Civil, as crianças e adolescentes eram aliciadas por uma mulher mais velha, de aproximadamente 25 anos, na Ilha dos Valadares. Elas eram atraídas por valores em dinheiro, presentes como extensão de cílios, celulares, pagamento de aluguel e ajuda financeira para a família.

As vítimas, em situação de vulnerabilidade social, tinham um perfil pré-estabelecido pelo acusado e – com contrato feito de forma verbal e sem efeito legal – precisavam ser magras, de cabelos longos e pretos, e não podiam ter relacionamentos afetivos com outros homens.

As investigações do NUCRIA tiveram início no dia 29 de novembro de 2023, após a subdivisão receber a informação anônima de que o acusado estaria no imóvel alugado com pelo menos três meninas. As equipes deslocaram até o endereço e permaneceram no local em campana, onde horas depois, com a autorização de José Carlos, entraram na casa e encontraram as vítimas, o suspeito, a possível aliciadora e copos de bebidas alcoólicas e narguilé em cima da mesa.

Na ocasião, as meninas disseram que não tinham mantido relações sexuais com o ‘Velho Jack’ naquela noite e que estavam apenas fazendo uso das bebidas e outros produtos, no entanto, uma das vítimas confessou ao delegado de Polícia Civil, Emmanuel Brandão, que a mãe havia vendido a virgindade dela pelo valor de R$ 600,00 e que a virgindade da irmã mais nova também estaria em negociação.

“Nós conseguimos ganhar a confiança de uma dessas adolescentes, de 13 anos de idade, que nos revelou que teve a sua virgindade vendida por sua própria genitora a esse investigado pelo valor aproximado de R$600”, explicou o delegado.

Neste dia, José Carlos da Silva recebeu voz de prisão por fornecer produtos que causam dependência à menores de idade. No dia seguinte, com mandando de busca e apreensão, as equipes voltaram até a casa onde ela estava com as jovens, mas a fechadura havia sido trocada e os possíveis provas – calcinhas, caderno com a notações de presentes e mochila – que haviam sido vistas pela equipe policial na noite anterior tinham sido retiradas do local pelo filho do suspeito. A ação também foi registrada pelo circuito de monitoramento eletrônico da região.

Apesar da prisão, o suspeito respondeu pelo crime anterior em liberdade e foi preso por estupro de vulnerável, exploração e abuso sexual infanto juvenil no dia 12 de junho de 2024, na cidade de Matinhos, onde também tinha residência e explorava sexualmente menores de idade. No dia do cumprimento de mandado de prisão, ele estava com duas adolescentes no apartamento. Elas foram ouvidas e encaminhadas para o Conselho Tutelar.

Com o avanço das investigações, o NUCRIA realizou oitivas para identificar pelo menos 10 vítimas envolvidas no esquema de exploração sexual e abuso infantojuvenil. Durante o procedimento, uma das crianças não foi localizada e, na sequência, uma nova descoberta: a menina estava em Itapoá, na cidade de Santa Catarina, na casa de Aleomar Paese, também apontado como suspeito pelos crimes de estupro de vulnerável, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, e tráfico de pessoas.

Apesar do mesmo perfil criminoso, José Carlos da Silva e Aleomar Paese são ligados apenas pelas mesmas vítimas e não tem relação próxima de amizade.

A produção da TVCI entrou em contato com a defesa do acusado, mas não obteve retorno.

Nesta quarta-feira (14), a segunda reportagem mostrará o tráfico de meninas, moradoras da Ilha dos Valadares, para a cidade de Itapoá, no litoral de Santa Catarina.

 

Nossos Programas

Você não pode copiar conteúdo desta página