CRISE NA SAÚDE: 1 ano de pandemia no litoral do Paraná e mais de 500 pessoas perderam a luta contra o coronavírus na região

Neste dia 30 de março, o litoral do Paraná completa 1 ano em meio a pandemia do coronavírus. Nesses 12 meses de incertezas, 500 pessoas perderam a batalha contra a doença. 30 de março de 2020, uma segunda-feira que vai ficar marcada na história da região litorânea do estado. Oficialmente, o primeiro paciente confirmado com […]

Neste dia 30 de março, o litoral do Paraná completa 1 ano em meio a pandemia do coronavírus. Nesses 12 meses de incertezas, 500 pessoas perderam a batalha contra a doença. 30 de março de 2020, uma segunda-feira que vai ficar marcada na história da região litorânea do estado.

Oficialmente, o primeiro paciente confirmado com coronavírus teria sido infectado na França, durante uma viagem. Ao retornar para Matinhos, ele apresentou os sintomas e foi levado para o Hospital Regional do Litoral (HRL). Após realizar os testes laboratoriais foi confirmada o primeiro caso da doença na região. Outros municípios do Paraná já estavam com números mais avançados de infectados.

Após a confirmação, o HRL montou uma estrutura moderna e especializada para atender pessoas que posteriormente ficariam doentes devido ao Covid-19. Inicialmente foram instalados 10 leitos de UTI e mais 10 leitos de enfermaria. Ao passar dos dias, a oferta de leitos foi ampliada devido a alta nos casos. Ainda no início da pandemia, medidas restritivas foram instauradas na região. Ruas ficaram vazias, estabelecimentos comerciais fechados. Mas, as medidas foram flexibilizadas e como consequência grande parte da população diminuiu os cuidados.

Com o passar do tempo, a situação só piorou. O Hospital Regional já não estava conseguindo suprir a demanda de pacientes, mesmo com apoio de hospitais locais, como por exemplo, o Hospital de Campanha montado pela Prefeitura de Paranaguá, ainda sim faltaram leitos para atender todos os doentes.

O litoral já passou por três picos no número de casos e óbitos durante a pandemia. O primeiro deles foi em julho do ano passado. Em dezembro do mesmo ano e em janeiro de 2021, o segundo pico. E agora, em março, mais uma alta de novos casos e de óbitos. O avanço é explicado porque o litoral é muito visitado por turistas, e também pelo surgimento da nova cepa variante do vírus, que é mais agressiva.

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Em relação aos óbitos, Março de 2021 é o período com mais óbitos desde julho do ano passado, quando registrou 66 mortes.

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A disseminação da doença ficou ainda mais evidente quando contabilizado as mortes decorrentes do coronavírus. Os primeiros 100 óbitos demoraram quatro meses e nove dias para serem contabilizados. Três meses e dois dias depois o litoral ultrapassava as 200 mortes. Menos de dois meses o litoral já marcava 300 óbitos pela doença. Para as 400 mortes bastaram apenas 53 dias. E para registrar mais 100 óbitos, totalizando 500, bastaram apenas 19 dias.

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crédito: Kevin Capobianco

No início da pandemia, a média de óbitos era de 1 por dia. Hoje, esse número subiu para 5 mortes por dia. É como se a cada 24 horas, um pai, uma mãe, e três filhos de uma mesma família estivessem morrendo todos os dias, no litoral.

A DOR DA PERDA

O sentimento de quem perde um ente querido é imensurável. Ainda mais quando a morte acontece de forma repentina provoca pela doença que preocupa o mundo todo. Até hoje, a Covid-19 resultou em quase 600 óbitos devido a doença no período de um ano. São quase 700 famílias chorando a perda do familiar, ente querido.

 

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“Meu Deus do Céu, meu pai… a presença física dele me faz muita falta”.

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“Depois que o pai foi entubado, não consegui ver mais meu pai. Difícil mesmo”.

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“Um vazio. Ver uma pessoa que entrou no hospital e saiu… Uma pessoa que lutou tanto. Perdeu toda a dignidade. Esse vírus tira toda a dignidade da pessoa”.

Nunca aconteceram tantos enterros no litoral do Paraná. No cemitério Nossa Senhora do Carmo, região central de Paranaguá, a média de sepultamentos cresceu de maneira abrupta. Antes, a média era de 3 enterros diários, devido a pandemia, os números chegaram a triplicar. O falecimento decorrente do coronavírus sequer permite uma despedida. Pelo risco de contágio, medidas de prevenção foram adotadas. Não há velório nesses casos e a entrada no cemitério é limitada a 10 dez familiares. Tudo isso para evitar aglomerações. E além da dor imensa de perder uma pessoa próxima, a despedida precisa ser rápida e com limitações.

É evidente que a pandemia da Covid-19 deixará marcas profundas na sociedade. Pessoas que perderam entes queridos, muitas vezes de forma repentina, sentirão falta daqueles que se foram. Uma geração inteira marcada pelo luto. Lidar com a dor e a saudade será um processo natural.

A pior crise sanitária da história recente da humanidade está longe do fim. A sensação é de que a população se acostumou com a Covid-19. Os casos já não impactam tanto como no começo. Muitos começaram a relativizar as mortes pela doença. E, diante disso, mais do que nunca, a prevenção é a única forma de evitar que aqueles que amamos contraiam a doença e nunca mais possamos vê-los, nem mesmo dentro do caixão.

 

 

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