Um espaço que antes era predominantemente masculino começa a ganhar novas personagens no cais do Porto de Paranaguá. Em mais de 120 anos de história, pela primeira vez, o Sindicato dos Estivadores de Paranaguá conta mulheres no quadro de Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs).
A primeira escala de trabalho das duas primeiras estivadoras aconteceu no último sábado (10). As irmãs gaúchas Eduarda e Fernanda Garcia da Costa contaram como foi o processo seletivo para ingressar nos postos de trabalho, que até então eram ocupados apenas por homens.
Para Eduarda, o novo trabalho é a realização de um sonho.
“Há 10 anos teve o concurso da estiva na minha cidade, que é Rio Grande/RS. Eu não achava que era possível ter mulheres na estiva, mas quando vi que duas passaram, eu coloquei na cabeça que um dia eu ia fazer o concurso da estiva e ia passar”, contou a jovem.
Já Fernanda, irmã de Eduarda, veio para a região para apoiar o marido, que iria prestar o concurso do OGMO.
“Vim acompanhá-lo, ele queria muito fazer, vim para dar um apoio e, na verdade, acabei passando.”
De acordo com Gabriel Vieira, diretor de Operações da Portos do Paraná, a entrada de mulheres neste ambiente, que antes era predominantemente masculino, é uma tendência, visto que já existem mulheres liderando e ocupando cargos estratégicos e técnicos dentro da empresa pública Portos do Paraná.
“É um momento histórico. São mulheres que tendem a agregar ainda mais à nossa capacidade de mão de obra aqui em Paranaguá”, afirmou.
A empresa pública já vinha se preparando para ampliar a presença de mulheres no ambiente portuário. Segundo Shana Bertol, diretora do OGMO, a Portos do Paraná já havia realizado, há bastante tempo, a instalação de banheiros apropriados para receber as mulheres em toda a faixa portuária. A estrutura operacional também foi preparada.
Referência feminina no setor portuário em Paranaguá, Shana destacou o orgulho de ver a história sendo construída.
“É um marco histórico. Temos um movimento de mulheres portuárias que genuinamente acreditam no crescimento e no desenvolvimento do porto através da diversidade e do empoderamento das mulheres. Ver essa história — que acreditamos lá atrás — se concretizando hoje traz uma felicidade imensa.”
Agora, as irmãs esperam que suas histórias inspirem outras mulheres, assim como elas foram incentivadas por trabalhadoras do porto do Rio Grande do Sul.
“Assim como nós nos inspiramos nas nossas conterrâneas, esperamos que mais parnanguaras ingressem nos próximos concursos”, concluiu Fernanda Garcia da Costa.