Na madrugada desta quinta-feira (19) o Tribunal do Júri de Paranaguá condenou Ian Matiussi a 12 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio qualificado de Reginaldo Valetim, “Nado” como era conhecido, ocorrido em 27 de dezembro de 2020 na Ilha do Mel, em Paranaguá.
O júri popular iniciou na manhã da quarta-feira (18) no Fórum Criminal Ouvidor Rafael Pires Pardinho. O corpo de jurados foi formado por sete pessoas, sendo seis mulheres e um homem. Durante todo o dia foram ouvidas nove testemunhas; cinco convocadas pela defesa do autor do crime e quatro pela acusação, além do réu.
O advogado de acusação, Giordano Vilarinho, declarou que o resultado da sentença trouxe justiça para a família. “Nada do que foi feito ou dito vai trazer de volta a folclórica figura de Nado Valetim, uma pessoa amada, adorada, na Ilha do Mel, na praia de Encantadas, mas, pelo menos, isso vai dar um acalanto no coração de todos os familiares e pessoas que conheciam ele” disse o advogado de acusação.
A defesa irá recorrer à sentença para que Ian possa responder pelo crime em liberdade. “A pena foi, no mínimo, legal, ou seja, o mínimo que ele conseguiria dentro do patamar que estamos aqui hoje. Iremos, de uma forma objetiva, recorrer da decisão por outros quesitos já apontados anteriormente . Hoje ele sai preso, entretanto, como as emissões que já tem, com o motivo que já foi preso anteriormente, diminuindo da pena, a defesa acredita que não passará de uma pena de um ou dois anos. A defesa amanhã também entrará com pedido para que ele responda o processo em liberdade”, explicou Aline Vasconcelos.
Prisão imediata
Na última quinta-feira (12) o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a soberania das decisões do Tribunal do Júri (ou júri popular), prevista na Constituição Federal, justifica a execução imediata da pena imposta. Dessa forma, condenados por júri popular podem ser presos imediatamente após a decisão.
Com a condenação pelo Tribunal do Júri, Ian Matiussi foi preso e conduzido para o Departamento Penitenciário de Paranaguá.
“Com essa nova, e recente, decisão do STF que prevê a prisão logo após a sentença do júri, isso está acontecendo aqui. Graças a Deus, é um resgate da Justiça”, disse o advogado de defesa Giordano.
Relembre o caso
No dia 27 de dezembro de 2020 um crime brutal chocou moradores da Ilha do Mel, em Paranaguá. Reginaldo Valetim, nativo da praia de Encantadas, foi morto por Ian Matiussi, que na época tinha 19 anos, com socos e joelhadas.
Na data do crime, o autor do crime disse em depoimento à Polícia Civil, que havia feito uso de bebida alcoólica e de entorpecentes. Ele relatou, ainda, que se desentendeu com amigos e que estes teriam adicionado “MD” (substância psicoativa que altera a percepção dos sentidos) no copo de bebida que estava tomando. Segundo Ian, a droga teria causado alucinações, fazendo com que ele acreditasse que os amigos estariam planejando a sua morte.
Diante do delírio, o réu encontrou com Nado Valentim na praia e interpretou que ele também tinha a intenção de matá-lo e, a partir deste momento, iniciaram as agressões que provocaram a morte da vítima.
Minutos depois do homicídio, o acusado foi preso pela Guarda Civil Municipal em flagrante.
Natural de Guarulhos, em São Paulo, o turista, que estava no litoral do Paraná em excursão, teve a prisão preventiva decretada no mesmo dia do crime e aguardava julgamento na Cadeia Pública Paranaguá. Com a decisão da justiça, oito meses após a prisão, Ian passou a responder pelo crime de homicídio qualificado em liberdade, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.