Além de levar várias pessoas apontadas como integrantes de um grande esquema de tráfico internacional de drogas, a operação ainda desarticulou o esquema logístico montado para o envio das drogas.
Por Pierre Andrade
Após três anos de investigação da Polícia Federal em conjunto com a Receita Federal, foi possível desarticular um complexo esquema logístico montado por narcotraficantes para enviar drogas à Europa e África. O esquema tinha como porta de saída principal o Porto de Paranguá. Mas até chegar no porto, a droga percorria um longo caminho.
De acordo com a Polícia Federal, a droga tinha como origem a Bolívia e também do Paraguai. Para chegar ao Brasil, existiam duas maneiras de transporte das cargas de entorpecente. A primeira delas, por terra. A droga chegava pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em caminhões e era levada para São Paulo, onde ficava armazenada. Posteriormente, também em caminhões, ia para diversos portos do país, mas o principal deles era o Porto de Paranaguá. E essa não era a única forma desenvolvida pelo grupo para burlar as fiscalizações e transportar a droga.
“Eles tinham um outro esquema, que era através de aeronaves. Eles traziam a cocaína de avião da Bolívia e deixava no interior de São Paulo. Um outro grupo logístico transportava essa cocaína até à capital. Ali era armazenado e depois seguia por diversas formas para os portos”, afirmou Sergio Luís de Oliveira, chefe dos Grupos Especiais de Investigações Sensíveis, vinculado a Polícia Federal.
De São Paulo, a droga saia de várias formas. Vans, pequenos veículos, caminhões. O objetivo era ser o mais discreto possível para não chamar a atenção das autoridades e conseguir entregar a droga. E novamente, um dos destinos mais procurados era o Porto de Paranaguá. Os grupos estavam tão confiantes de que o esquema montado por eles era infalível, que enviavam grandes cargas de droga. Até que em 2017 a Receita Federal conseguiu apreender uma carga de 800 quilos de cocaína no Porto de Paranaguá. Depois disso, as quadrilhas, com medo de perder o produto, começaram a enviar as cargas em pequenos lotes.
“Temos percebidos que eles têm mandado quantidades menores. Talvez por causa do grande número de apreensões do ano passado, eles estão arriscando um pouco menos, com medo de perder tanta carga”, afirma Gerson Zanetti Faucz, Delegado-chefe da Receita Federal
O que os grupos criminosos não imaginavam é que a Polícia Federal já estava no encalço deles e preparava a maior operação do ano de apreensão de drogas. Em conjunto com o a Receita Federal e apoio da Polícia Civil e da Europol, a Polícia Federal conseguiu desarticular nessa segunda-feira os diversos grupos que operavam no envio de drogas para fora do país. Em Paranaguá, os dois grupos que atuavam tiveram os líderes presos. A operação aconteceu de forma simultânea em dez estados brasileiros.
“A gente viu que há ligações entre todos os grupos. É uma logística só, com um grande chefe, que é esse principal líder” concluiu Sérgio Luís Oliveira.
Apesar de a operação ter sido classificada como bem sucedida e de ter levado à cadeia vários membros das organizações criminosas, a Polícia Federal irá continuar com as investigações.
“Quando você deflagra uma operação como essa, quando descapitaliza uma organização criminosa, você identifica núcleos financeiros. E quando aplica o inesperado e chega à cúpula, tem acesso aos dados, tem uma operação para muitos anos, muitas fases. É possível chega muito, muito longe” afirmou o Delegado da Polícia Federal e Coordenador Nacional de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas, Elvis Seco.