Navio Discoverer vai descarregar 30,5 mil toneladas do grão, importado dos Estados Unidos. Preço do produto no mercado internacional e vantagens cambiais fizeram com que praticamente toda a produção brasileira fosse vendida ao exterior
AEN
O Porto de Paranaguá realiza, a partir desta quinta-feira (3), a primeira operação de importação de soja. O navio Discoverer trouxe 30,5 mil toneladas do produto, dos Estados Unidos, para abastecer o mercado interno brasileiro. Apesar de ser considerado pequeno, este é o maior volume comprado pelo Brasil dos EUA desde 1997.
“O Brasil é um gigante na produção de soja, mas o preço do produto no mercado internacional, aliado às vantagens cambiais, fez com que praticamente toda a produção fosse vendida ao exterior. Com isso, foi necessário importar o grão para atender a demanda interna”, explica o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
Segundo o Ministério da Economia, entre janeiro e outubro, o Brasil importou 625 mil toneladas da oleoginosa, a maior quantidade desde 2003. A maior parte veio do Paraguai (589 mil toneladas) e Uruguai (36,3 mil toneladas). No Paraná, os registros dos últimos dez anos mostram que não houve desembarque de soja estrangeira.
“Os portos paranaenses são referência na exportação do produto e a importação, por aqui, é inédita. Parte da carga vai direto para a indústria e o restante fica armazenado em Paranaguá, até o transporte ao destino final”, conta Garcia.
O produto importado passou por inspeções e liberações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura e Receita Federal.
OPERAÇÃO – O navio Discoverer, de bandeira das Ilhas Marshall, tem 179,9 metros de comprimento por 28,4 metros de largura (boca). A embarcação tem cinco porões. A previsão de duração da operação é de cinco dias, com produtividade de 6.000 toneladas por dia, dependendo das condições meteorológicas, já que com chuva o produto não é descarregado.
A agência marítima responsável pelo navio durante a estadia no Porto de Paranaguá é a Alphamar. O operador portuário, que fará o desembarque, é a Centro Sul Serviços Marítimos.
A descarga será com auxílio de guindaste, como acontece com cereais e demais granéis sólidos de importação. “Com um equipamento chamado grab, a soja é retirada do porão e despejada em um funil, de onde cai na caçamba dos caminhões. É uma operação simples, que segue o padrão de outros cereais que a gente já descarrega em Paranaguá”, detalha João Paulo Barbieri, gerente da Centro Sul.
Segundo ele, esta é a primeira vez que a empresa descarrega soja. “É uma operação até curiosa. Trabalhamos com todos os outros cereais que, comumente, são importados, como malte, cevada e trigo. Soja, é a primeira vez”, conta.
O navio está atracado no berço 214, um dos berços do Corredor de Exportação. “Isso mostra bastante da capacidade e flexibilidade do Porto de Paranaguá de atender todas as demandas”, avalia Barbieri.
EXPORTAÇÃO – Pelo Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá, de janeiro a novembro, foram exportadas 17,6 milhões de toneladas de soja, em grão e farelo. O volume é 15% maior que as 15,3 milhões de toneladas registradas na exportação de soja em 2019.