O documento publicado pela Anvisa em 9 de dezembro informa a detecção do primeiro caso no País de Candida auris em amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI Adulto de um hospital da Bahia (BA)
A Secretaria de Estado da Saúde promoveu nesta quarta-feira (16) reunião online para alertar e orientar profissionais da área sobre um fungo emergente, a Candida auris, que representa uma grande ameaça à saúde pública.
Alerta neste sentido foi emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que confirmou o primeiro caso de contaminação no Brasil. O documento foi publicado em 9 de dezembro, informando a detecção em amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI Adulto em hospital da Bahia (BA).
Em função deste caso, a secretaria estadual paranaense promoveu o evento de orientação dirigido a profissionais que atuam em laboratórios de microbiologia, serviços de controle de infecção hospitalar, comissões regionais e municipais de controle de infecção, centro de informações estratégicas de vigilância em saúde e equipes da vigilância estadual e municipais.
“Vivemos um cenário crítico na saúde devido à pandemia e, por isso, temos que redobrar nosso alerta a outros tipos de infecções típicas de ambientes hospitalares. Uma infecção dupla de agentes novos como o coronavírus e a Candida auris pode trazer sérios danos à saúde da população”, disse o secretário da Saúde Beto Preto.
FUNGO – Atualmente a Candida auris possui resistência a diferentes classes de antifúngicos. Estudos (Anvisa/2020) apontam que até 90% dos isolados de C.auris são resistentes aos medicamentos como Fluconazol, Anfotericina B ou Equinocandinas, normalmente utilizados para o combate a fungos.
“A gravidade associada à disseminação deste fungo diz respeito ao fato de poder causar infecções invasivas, principalmente em corrente sanguínea, com nenhuma opção terapêutica, o que pode ser fatal em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades”, afirma a médica infectologista e presidente da Comissão Estadual de Controle de Infecção da Sesa, Viviane Dias.
O fungo pode permanecer viável por longos períodos no ambiente, pois apresenta alta resistência a diversos desinfetantes, entre os quais produtos à base de quaternário de amônio.
“Neste momento é crucial que os Laboratórios de Microbiologia saibam identificar as amostras de C. auris recebidas para análise. Os casos suspeitos devem ser imediatamente informados à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do serviço, orienta a coordenadora de Vigilância Sanitária, Luciane Otaviano de Lima.
A Nota Técnica 02/2020 emitida pela Anvisa recomenda ainda que tanto as amostras confirmadas ou suspeitas, e aquelas consideradas inconclusivas, sejam encaminhadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) para a confirmação do diagnóstico.
“Estamos diante de mais um desafio para as equipes de Controle de Infecção Hospitalar dos Serviços de Saúde. Esses profissionais possuem um papel relevante na implantação imediata das medidas de prevenção e controle”, destacou a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes.
NOTIFICAÇÃO – As Comissões de Controle de Infecção Hospitalar também serão responsáveis pela notificação dos possíveis casos à Anvisa, que já disponibilizou formulário para as áreas técnicas.
PRESENÇAS – Participaram do encontro Flávio de Queiroz Telles Filho, médico e professor da Universidade Federal do Paraná; Ana Lúcia Schmidt, responsável pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Universidade Federal do Paraná, e Lavínia Arend, que atua na área de Monitoramento da Resistência Microbiana do Lacen.
Fonte: AEN