Traficantes internacionais tentam driblar fiscalização no Porto de Paranaguá

Receita Federal já apreendeu quatro mil quilos de cocaína no Porto de Paranaguá, em 2020 Por Débora Mariotto A fiscalização cada vez mais rígida da Receita Federal do Brasil (RFB), no Porto de Paranaguá, já impediu que 4,2 mil quilos de cocaína chegassem ao seu destino no ano de 2020. O trabalho de enfrentamento ao […]

Receita Federal já apreendeu quatro mil quilos de cocaína no Porto de Paranaguá, em 2020

Por Débora Mariotto

A fiscalização cada vez mais rígida da Receita Federal do Brasil (RFB), no Porto de Paranaguá, já impediu que 4,2 mil quilos de cocaína chegassem ao seu destino no ano de 2020. O trabalho de enfrentamento ao tráfico internacional de drogas é complexo e relaciona uma grande cadeia de combate ao crime, envolvendo equipes de vigilância das alfândegas de todo o Brasil, escritórios de inteligência da Receita Federal, interação com órgãos de segurança nacionais e internacionais, além da utilização de cães farejadores e o auxílio da tecnologia, através de scanners que identificam a presença de mercadorias suspeitas em meio às cargas lícitas.

Foi com esse aparato que, no ano de 2019, mais de 15 toneladas de cocaína foram interceptadas no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP).
Segundo a RFB, o “prejuízo” dado às quadrilhas envolvidas nesse tipo de crime provocou adaptações por parte dos traficantes. “Em 2019, o principal método utilizado foi o rip-on/rip-off, quando a droga é inserida no contêiner sem o conhecimento do depositário e do exportador. As cargas eram de madeira, celulose, sacaria e congelados. Em 2020, o método que mais tem sido utilizado é a ocultação da droga em meio às mercadorias. Nestes casos, a droga é colocada no contêiner antes de sua entrada no terminal de embarque.”, explica o delegado da Receita Federal em Paranaguá, Gerson Zanetti Faucz.

As tentativas de burlar a fiscalização também incluem a diminuição da quantidade de droga inserida nos contêineres. Enquanto em 2019, a RFB chegou a encontrar cargas de duas toneladas, em 2020 as quantias variam entre 100 e 200kg. A apreensão de valor mais expressivo esse ano ocorreu no dia 19 de março, quando 766 kg de cocaína foram encontrados em um contêiner que iria para a França.

O trabalho desenvolvido no terminal paranaense inspirou alfândegas em outros portos. “Em 2020 aumentaram muito as apreensões em outros portos, como Salvador com 4.923 Kg. Isto mostra que o trabalho que se iniciou em Santos e Paranaguá está agora disseminado em outras alfândegas do Brasil, contribuindo para a maior efetividade no combate ao tráfico internacional de drogas em nosso país”, avalia Faucz.

Números e características

Em todo o ano de 2019, foram 27 apreensões, totalizando 15,2 mil quilos. A média é de 1,2 mil quilos por mês. Em 20 das apreensões, o método utilizado era o rip-on/rip-off. Em quatro, a droga estava oculta em cargas de madeira ou compensado. Houve um caso em que a carga ilícita foi encontrada no pátio do TCP e nas duas interceptações restantes, os tabletes com entorpecentes estavam em meio a sacas de açúcar e ácido fólico.

Já em 2020, até meados do mês de junho, foram 13 apreensões realizadas, totalizando 4,2 mil quilos. Nesse caso, a média aproximada é de 715 kg/mês.
Apesar da queda na média – que é reflexo da diminuição da quantia de droga inserida nos contêineres – o Porto de Paranaguá lidera o ranking de apreensões entre os portos do Paraná e de Santa Catarina, são esses terminais que compõem a 9ª Região Fiscal da RFB. Já no ranking nacional, a liderança é do Porto de Santos, seguido por Salvador, Paranaguá e São Francisco do Sul.

Outra característica importante é com relação ao destino das drogas. Em 2019, 13 contêineres tinham a Bélgica como destino, seis iriam para a Holanda, três para a Espanha, dois para a França, um para a Itália e um para Portugal. Uma das cargas, que foi apreendida no mês de março, não teve o país de destino definido porque ainda não estava inserida em um contêiner quando foi encontrada.

Já em 2020, quatro contêineres interceptados tinham a Bélgica como destino, dois iriam para a Espanha, dois para a Holanda, dois para a Itália, um para a França e um para a Costa do Marfim. No mês de fevereiro, houve uma apreensão no pátio do TCP e, por isso, o país de destino da droga não foi identificado.

Medidas adotadas

Após as apreensões, a Receita Federal entrega as cargas de cocaína à Polícia Federal, que deve investigar o crime e incinerar a droga.
A reportagem do Portal TVCI procurou a Polícia Federal para saber como estão as investigações, se prisões já foram feitas e se os membros dessa organização criminosa já foram identificados. Porém, a PF não respondeu aos nossos questionamentos.

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