Reportagem Bruna Letícia
Quem ainda não visitou Morretes, precisa conhecer a charmosa cidade que fica no Litoral Paranaense. O município fica localizado em uma região privilegiada, está entre a serra do mar e o litoral do estado, apenas 1h30 da capital, Curitiba. O clima hospitaleiro e serrano é perfeito para um passeio aos finais de semana ou aos feriados, há quem diga que não troca Morretes para morar em nenhum outro lugar do Brasil. A cidade colonial é repleta de histórias, e este, é o ponto de partida desta reportagem.
Segundo o Historiador, Éric Joubert Hunzicker, o povoado foi fundado em 1721, mas oficialmente, em 31 de outubro de 1733 foram demarcadas as 300 braças da cidade, a partir do local onde hoje está o monumento Marco Zero. Autoridades presentes jogaram punhados de terra ao ar e gritaram “Terra terra terra”. A capela construída em meados do Século XVIII e dedicada ao “Menino Deus dos Três Morretes” – referência aos pequenos morros que circundam a cidade – por isso, o nome que deu origem ao município.
Morretes guarda as lembranças do glorioso passado, no Centro Histórico estão os casarões, edifícios e templos tombados pelo Patrimônio Histórico e Cultural, que ajudam a contar a história do Paraná. Como o casarão que pertenceu a Roberto França, construído em 1917, hoje é a neta Helena Maria França Sundin, quem é a responsável pelo espaço. Ela decidiu manter viva as lembranças familiares, pois no interior do imóvel, ainda é possível ver móveis originais e peças trazidas da Europa, por exemplo.
Dona Helena optou em preservar o casarão que traz um marco para a história de Morretes, junto a casa funcionava uma farmácia do avô desde 1910 e quando a farmácia fechou em 1989, o cômodo foi transformado em uma espécie de museu.
O que restou da Farmácia Paranaense, forma hoje um dos maiores conjuntos de materiais farmacológicos do Brasil, quem afirma os dados é a própria neta do fundador. Em 2010, o IPHAN-PR fez um inventário do acervo da farmácia. O casario recebe diversos visitantes durante todo o ano. Seu Roberto França dirigiu por mais de 60 anos a Farmácia Paranaense, preparando receitas médicas, sendo constantemente chamado para dar atendimento às pessoas doentes.
Algumas casas antigas foram preparadas para receber os turistas, como os restaurantes, e o barreado é o prato principal. Um prato que, de tão antigo, se confunde com a história do município e, de tão saboroso, atrai admiradores de várias regiões. O tradicional barreado trazido pelos portugueses no século XVIII, é preparado com carne e condimentos especiais, seu cozimento demora pelo menos 4 horas nas panelas de barro, é necessário cozinhar durante esse tempo, para que as fibras da carne se soltem, resultando numa carne muito macia e num caldo grosso. E um dos segredinhos, está no vedar a panela com farinha de mandioca e água, assim evita que os vapores escapem, (a isso se chama “barrear”).
Aos 288 anos, Morretes é rica em histórias, como vimos um pouco por aqui, possui uma rica gastronomia como também já falamos, e é conhecida nacionalmente por suas belezas naturais.
O Rio Nhundiaquara
Antes chamado Cubatão, o Rio Nhundiaquara recebia navios para carregar erva-mate que descia pelo Caminho da Graciosa. Como o movimento era intenso fez com que Morretes se tornasse o mais importante entreposto entre o planalto e o litoral. Em 1834, 1.025 tropas com 9.259 animais, transitaram por Morretes. As embarcações aportavam no Porto de Barreiros e chegavam até o Porto de Cima. Nesta época, havia 47 engenhos de erva mate no município.
Quem já não ficou simplesmente sem fazer nada, a não ser observar o movimento das águas tranquilas que parecem flutuantes ao nosso espírito?,E escutar aquele som que te tira de um dia cansativo e te remete a um lugar com paz? A paisagem causa admiração aos olhos de quem visita o Rio Nhundiaquara. Morretes é ir ao encontro do verde das montanhas, do ar puro das cachoeiras, de bosques e de recantos. Parabéns pela riqueza de detalhes e ao valoroso povo morretense que ajuda a construir a história da cidade.